HISTÓRICO DO KARATÊ
ORIGENS
O Karatê tem uma forte
ligação com o Bodhai-Dharma, (criador da doutrina Zen na Índia). Segundo os
historiadores, artes marciais semelhantes tiveram início por volta do ano 520
aC., tendo como ponto de fixação o mosteiro de Honan. Todavia, a base do Karatê
que conhecemos hoje, tem suas raízes mais fortes na pequena ilha de Okinawa,
situada a sudoeste do Japão.
Segundo se tem notícias, o
Karatê teria surgido decorrente das ocupações militares por volta de 1400,
quando a ilha fora dividida em três partes : Hokuzan, Hashion e Nansan .Com
isso, Sho Hashion, um poderoso senhor de terras local, fortaleceu-se ainda mais
e passou a dominar as três partes da ilha. Com o intuito de perpetuar seus
domínios, lançou mão de uma promulgação que tratava da proibição total do uso
de armas em qualquer parte da ilha. Assim sendo os habitantes de Okinawa,
vendo-se privados do uso de armas, aperfeiçoaram-se no "combate das mãos
vazias", sendo conhecido o estilo inicialmente.
DIFERENTES
ESTILOS
De Okinawa originaram-se
principalmente três estilos tendo como base a metodologia Te : Shuri-Te,
Tomari-Te e Naha-Te. Oriundos de cidades com o mesmo nome (Shuri, Tomari e
Naha) Os estilos Shuri-Te e Tomari-Te, fundiram-se mais tarde no estilo
Shorin-Ryu e o estilo Naha-Te ficou conhecido como Shorei Tyu.
Atualmente existem mais de
quinhentos estilos de Karatê espalhados pelo mundo, devido à divergências
relacionadas a origens, metodologias, e assimilações de outras artes marciais .
No Brasil, os estilos
Shorin-Ryu e Shotokan são os mais conhecidos, mas podemos também encontrar
discípulos de outros estilos, como por exemplo o Goju-Ryu , Kiokushin-kai Oyama
, e estilos menos tradicionais como o Karatê Point, que na verdade é mais uma
modalidade de Kumite (combate) com proteção, onde o ponto é obtido com o
contato do golpe de um Karateca sobre a proteção corporal do oponente,
semelhante a proteção utilizada no Taekondo. Proteção essa que não é aceita
pelos estilos mais tradicionais de Karatê .
PRIMEIRAS
ESCOLAS
Como vimos anteriormente, o
Karatê surgiu quase que secretamente, devido a uma necessidade de auto proteção.
Devido a esse caráter de
semi clandestinidade, o Karatê teve seus primeiros Dojôs em locais ocultos na
mata, e seus treinamentos eram sempre a noite. Mesmo porque seus praticantes
eram em número reduzido e geralmente o ensinamento era passado somente de pai
para filho.
ORIGEM
DO ESTILO SHORIN-RYU
Como vimos anteriormente,
três estilos diferentes nasceram em Okinawa, por volta do século XVI. Os três
estilos foram desenvolvidos a partir de uma metodologia conhecida como
"TE".
Um dos principais mestres,
dessa forma de luta, foi Shungo Sakugawa. Esses mestres teriam ensinado seu
estilo a Soken Matsumura, um dos maiores mestres que se tem notícia.
Três principais centros de
treinamento cresceram em Okinawa, no decorrer do século XVIII; um deles,
situava-se na antiga capital, chamada Shuri, onde a realeza e os nobres viviam;
outro em Naha, cidade portuária e o último em Tomari. E a partir daí, cada
cidade começou a desenvolver seu próprio estilo.
Shuri-Te:
Por ensinar na cidade de
Shuri, o estilo "Te" de Sakugawa, ficou conhecido como Shuri-Te.
Sakugawa tinha quase 70 anos, quando um jovem, chamado Soken Matsumura começou
a treinar com ele. Matsumura revelou-se o melhor aluno que Sakugawa já
produzira e, depois da morte deste, tornou-se um dos melhores instrutores do
Shuri-te.
Tomari-Te:
Tomari localizava-se próxima
à pequena aldeia de Kumessura habitada por milhares de militares que possuiam
habilidades. Entre elas, incluiam-se artes "externas", vindas do
templo Shaolin e os sistemas "internos" que traçavam sua origem de
outros locais.
Enquanto o Shuri-te foi
influiciado quase exclusivamente pelo estilo mais duro Shaolin Externo, o
Tomari incluia uma mistura de sistemas internos e externos.
Um dos primeiros mestres
reconhecidos em Tomari-te foi Kosaku Matsumora que ensinou o estilo com o
máximo de sigilo. E, assim, somente poucos alunos de Matsumora tinham
conhecimento suficiente para passar adiante. Outro importante instrutor foi
Kokan Oyadomari, por ter sido o primeiro instrutor do grande Chotoku Kyan.
Naha-Te:
Dos três principais estilos
de Okinawa da época, o Naha-te foi o que maior influência recebeu dos sistemas
internos da China e o que menor contato teve com a tradição externa Shaolin.
O maior mestre de Naha-te
foi Kanryu Higashionna. Há evidências de que Higashionna tivesse obtido lições
de Matsumura (Shuri-te), mas por curto período de tempo. Higashionna era ainda
bem jovem, quando mudou-se para a China, onde permaneceu por muitos anos.
Quando retornou a Naha, abriu uma escola que enfatizava técnicas respiratórias
dos estilos chineses.
Com o passar dos anos o
Shuri-te e Tomari-te evoluíram no estilo Shorin-Ryu, que reconhece a influência
do templo Shaolin (Shorin = palavra japonesa para Shaolin).
Foi por volta da era
Matsumura que as duas formas de arte mesclaram-se em um só estilo.
O Naha-te se tornou
conhecido por Shorey Tyú no auge da popularidade de Higashionna. Foi também
nessa época que o estilo começou a mudar sua tendência para ser puramente um
sistema de luta interno. Isso foi devido a influência de Motubo Choki. Embora o
estilo de Motubo fosse considerado Naha-te, na verdade, não tinha conexão com
Higashionna. Quando Motubo tornou-se o líder da Shorey Tyú, ele começou a
desenvolvê-lo em uma nova direção.
CAMINHO DO KARATÊ NO BRASIL
O estilo Shorin-ryu de
Karatê nasceu em Okinawa e seus precursores das gerações mais recentes foram:
Mestre Takarara;Mestre Tode Sakugawa; Mestre Sokon Matsumura; Mestre Anko Itosu
e Mestre Choshin Chibana. Atualmente a maior autoridade neste estilo é o Sensei
(professor) Katsuya Miahira - 10º Dan que reside em Naha - Okinawa.
No Brasil o estilo foi
difundido pelo Sensei Yoshihide Shinzato 9º dan, onde tem como a região de
Santos e São Paulo o maior número de praticantes.
PARANÁ:
O Professor Frank Oguido
através dos ensinamentos do Sensei Yoshihide Shinzato graduou-se em Janeiro de
1.978, a partir deste dedicou-se a prática do Karatê no Paraná difundindo o
estilo Shorin-ryu em várias cidades do Paraná como: Sertaneja, Jaguapitã,
Assaí, Bela Vista do Paraíso, Cambé, Rolândia, 1º de Maio, Sertanópolis e
Londrina onde atua com a Academia de Karatê OGUIDO-DOJO.
LONDRINA:
A academia de Karatê
Oguido-Dojo, com sede à Rua Sergipe nº 1389, com mais de 25 anos de tradição e
experiência na formação educacional e ensino de artes marciais, baseia-se fundamentalmente
na integração entre corpo e mente trazendo benefícios como: disciplina, auto
controle, combate ao stress, desenvolvimento físico e mental, integrando e
sociabilizando plenamente o indivíduo ao ambiente em que vive. Outro aspecto é
a participação em competições a nível regional, estadual, nacional e
internacional elevando o nome da cidade de Londrina e do Estado do Paraná.
FONTE: http://karatedoshotokanbrasil.blogspot.com.br/2009/11/historico-do-karate.html
ELEMENTOS
TÉCNICOS
Em termos pedagógicos os
elementos técnicos no karate foram divididos neste capítulo da seguinte forma:
Saudação, Fundamentos (kihon), Forma (kata), Luta (Kumite)
Saudação:
A saudação pode ser
considerada uma demonstração de cortesia. É
realizada no início e no
final da aula de frente para o Shomen (forma de agradecimento
àqueles que desenvolveram a
arte). A saudação pode ser realizada
de duas formas:
RITSU REI – cumprimento em
pé;
ZAREI – cumprimento sentado
(SEIZA).
No karate, a saudação em pé (ritsu rei) ocorre
em algumas situações:
– Quando entramos ou saímos
do dojo;
– Ao entrar ou sair do dojo;
– No início e final de um
combate;
– No início e final da aula;
– No início e final de um
kata;
– No início e final de um
exercício com um companheiro.
Além de demonstração de
respeito, a saudação é um importante instrumento para garantir a segurança dos
procedimentos, por demarcar o início e término das atividades.
Fundamentos (kihon):
A prática do Kihon constitui
o treinamento dos fundamentos, de acordo com as técnicas
básicas fundamentais de cada
estilo (Santos, 2008). Para melhor compreensão, os fundamentos (kihon) foram
divididos em três grandes grupos: técnicas de ataque (tori waza), técnicas de
defesa (uke waza) e técnicas de base (dachi waza) e listados conforme
classificação de Kanazawa(2010). Apesar de existirem variadas técnicas de
kihon, serão apresentados aqui as técnicas mais freqüentes e populares
utilizadas em competição.
As
formas (kata):
Kata pode ser definido como
uma série de técnicas ofensivas e defensivas,realizada individualmente contra
vários adversários imaginários (Kanazawa, 2010), simulando movimentos formais e
estilizados, executados numa sequência pré-determinada de ataques e defesas
(Nakayama, 2003). As técnicas que compõe o Kata foram passadas de geração em
geração,de professor para aluno, sendo considerada a principal forma de
manutenção
das tradições do Karate.
Para uma boa execução de um Kata é necessário o uso correto das técnicas, a
aplicação ideal da força, controle da respiração e de várias habilidades
coordenativas (Torres e Bueno, n.d.). Os katas auxiliam o iniciante a assimilar
o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentação, defesa e ataque. Para
o aluno avançado, os kata são um confronto com as ideias dos antigos mestres,
por meio do qual os atuais praticantes entendem os segredos da arte que só são
aprendidos mediante prática exaustiva e não oralmente. Os katas são definidos
conforme os estilos de karate (Torres e Bueno, n.d.):
– Estilo Shotokan: O
conjunto de katas no estilo shotokan conta ao
todo com 26:
– Estilo Goju ryu: são 23
katas:
– Wado-ryu: são 15 katas no
total:
– Shitoryu: é o estilo que
apresenta o maior número de katas. Eles podem
ser divididos conforme a sua
região de origem e mestre. No total são 57 katas:
A Luta (kumite):
O kumite pode ser definido
como a luta propriamente dita. Pode ser considerado um método de treinamento em
que se aplicam técnicas de ataque e defesa aprendidas anteriormente no kata
(forma) e kihon (fundamentos) (Nakayama, 2003). Para a classificação, Nakayama
(2003) sugere que seriam três formas de kumite: básico, jiyu ippon kumite e
jiyu kumite.
O kumite básico é
caracterizado pelo fato de ser combinado. O atacante avisa a altura ou o tipo
de golpe que será realizado, pode ser dividido em: luta de cinco passos (gohon
kumite), luta de três passos (sambon kumite) e luta com um golpe (ippon kumite)
(Nakayama, 2003).
– Ippon kumite: um
movimento, tendo por objetivo criar no praticante a ideia de vencer com um
golpe único. Para isso é necessário o desenvolvimento de habilidades
acessórias, como observação, para análise das situações. A noção de espaço e
tempo (maai em japonês) se torna fator preponderante, bem como o conhecimento
real do próprio corpo e de seus limites físicos e mentais.
– Sanbon kumite: três
movimentos, tendo por objetivo aumentar a agilidade de quem ataca e de quem
defende. Deve ser executado com a máxima intensidade e velocidade de movimentos,
pois só assim o controle necessário ao domínio das técnicas utilizadas poderá
ser alcançado. O corpo deverá trabalhar como uma unidade que se desloca pela
área de combate.
– Gohon kumite: cinco
movimentos, cujo escopo é fortalecer o vigor dos praticantes através de
sequências de ataca e defesa. O gohon kumite deve ser praticado até a exaustão,
procurando realizar cada movimento com a maior precisão e fidelidade possível.
O jyu ippon kumite é uma
luta semi livre com um único golpe, tendo por objetivo favorecer o
desenvolvimento de vivências corporais nas situações de luta real e assim
preparar o corpo e a mente para as mesmas (Kanazawa, 2010).
O jiyu kumite é o combate
livre, sem regras, com o uso livre de todo o
tipo de técnica, tanto de
braços como de pernas, luxações, projeções, estrangulamentos,etc.
Todavia, os praticantes
devem ter em mente o respeito para com o colega e não procurar um golpe
realmente traumatizante, pois a finalidade é desenvolver a arte marcial e não
vencer o outro (Kanazawa, 2010).
Além da classificação
sugerida por Nakayama (2003) ainda existe o shiai kumite (luta de competição).
As regras dependem da Entidade Esportiva que rege o evento. Apesar de existirem
diversas Entidades Esportivas com regras diferentes, neste trabalho serão abordadas as regras dos sistemas World Karate
of Federation (WKF), World Union of Karate-do Federations (WUKF) e
International Traditional Karate Federation (ITKF). Regras de outras Entidades
Esportivas podem ser visualidas em seus respectivos sites. Apesar do tempo de
luta ser similar entre federações, verifica-se que devido às diferentes
pontuações, possivelmente ocorram diferenças na caracterização de quantidade e
qualidade de golpes (Urbinati et al., 2011).
O kumite pode ser
caracterizado por movimentos acíclicos, com a combinação de seqüências curtas
de ataque e defesa, interrompidos por período de recuperação (Ravier et al.,
2009; Iide et al., 2008; Invernizzi et al., 2008). A modelação do kumitê
consiste em deslocamentos, rotações, saltos, e ações técnico-taticas
preparatórias de outras ações, como: ações ofensivas de membros superiores e
inferiores, com golpes diretos, cruzados ou circulares, bem como bloqueios e
esquivas (Santos, 2008).
Além das ações
técnico-táticas o kumitê é constituído por domínio das capacidades físicas como
aeróbia e anaeróbia, força, potência, velocidade de reação e tomada de decisão
(Santos, 2008; Doria et al., 2009).
Referências:
AKSD. Associação de Artes
marciais karate shubu do. A origem do karate shubudo, 2011. Disponível em:
http://www.shubudo.com.br.
INVERNIZZI, P.L.; LONGO, S.; SCURATI,R. Analysis of heart rate and
lactate concentrations during coordinative tasks: pilot study in karate kata
world champions. Sport Science and Health, v.3, p.41–46, 2008.